terça-feira, 15 de julho de 2008

o ultimo encontro...


-então...é isso...-concluiu desdenhosa quase como num deboche.
Postara-se contra a luz da lua, de modo que sua silhueta era carinhosamente contornada por ela...a parede tomabada às suas costas permitia total visão da mata fechada lá de fora e os tons azuis da noite tomavam a sala...
-Isso?-questionei impaciente. -É só o que tem a me dizer?
Eu andava de um lado a outro da sala em ruínas, com passos tão fundos que podia sentir o chão afundar-se sob meus pés.
Ela ria num sadismo extremo, e por vezes o sorriso era a única coisa que a luz permitia ver-me em seu rosto...
Indgnei-me....
como poderia?! como poderia rir-se das certezas que demorei toda uma existência p'ra concluir?....que naquele momento...naquele exato momento...eram as únicas coisas nas quais ainda poderia me segurar...
Gritava,agitando minha cabeça de um lado ao outro como se quisesse tirar de dentro dela as dúvidas que aquela presença pertubadora tinha colocado em mim....
E eu nem ao menos conseguia fitar-lhe os olhos...não tinha coragem....
-tola menina!-eu ouvia sem mais saber se as palavras saiam da sua boca ou da minha...
Me sentia pequena,afundei-me na cadeira na parte escura do cômodo,buscando qualquer coisa que pudesse me dar forças pra rebater a sentença...
-não!-afirmei com uma convicçao tão vacilante que eu mesma achara ridícula- eu o teria notado...como seria enganada por tanto tempo?...
- ora!-soltou então um riso de escárnio,bailando os lábios com a mesma voluptuosidade com a qual balançava a silhueta escura contra a claridade -quem te enganara?quem te enganara senão você mesma?quem te dera tais respostas?pare de vitimizar-se...não seja ridícula...a culpa é sua...
Suas palavras desciam arranhando meus ouvidos e secavam-me a garganta...eu tinha vontade de gritar,mas permanecia em silêncio...imóvel...desarmada...
De algum modo sabia que era verdade....Ela também...
-ninguém lhe disse que seria fácil-continuou...- que seria bom...que seria cor-de-rosa...mas você quis...
E então saiu,sem olhar p'ra trás com aquela tranquilidade que me irritara durante toda a conversa, misturando-se a sombra das árvores embora ainda sentisse que me contemplava e deleitava-se com meu desespero[com minha dor]...
- droga!...e eu ainda te quis...e tive que te amar e tive que te ver partir-o grito saiu seco, silencioso...talvez inaudível...

(diálogo com a VIDA- mais uma nebulosidade da minha mente...)