domingo, 24 de janeiro de 2010

Quasimodo-retalhos de feiura...





"cortou o dedo...
fio de navalha...
quebrou o espelho...
beleza falha..."



"não condene ninguém por esconder-se na sombra
se o humano é feio e o feio costumamos esconder...
vem pra mentira você também...esconder-se da luz na penumbra..."


"riu-se de novo,
ela sabe como é
sentir-se sem corpo
num nu jocoso...

força contra maré"



"corte o grito de silencio que diz que é preciso aceitar o que a vida te deu...
quem aceita de fato?não eu...
esse corpo...esse olhar...essa voz não é minha...quem se deu ao direito de escolher por mim?"


"desdenhou do admirável
não viu que teria que ver
aprovou o reprovável
foi apenas quem tinha que ser"



"não olhe para mim nessa sombra...se a feiura te incomoda...mantenha distância...reprovação é afronta...não quero pena nem desdém...olhos cegos não vêem a quem..."



"você não entenderia,
moro nessa catedral vazia...
um lugar abandonado
dentro do meu ser...
me chamo Quasímodo...
prazer em conhecer..."





sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Maria, a louca


...Que ela correria na metade final do percurso
não era difícil presumir, espantoso foi ver para onde correu...

A maioria das pessoas pensa que limitar-se seja um caminho regressivo
e pouco sábio... talvez não...

Deram 5 horas da mesma tarde de todos os dias...desceu da asa daquele passarinho
e foi tomar do mesmo chá da burguesia...muito ouvia, nada falava...
era A Louca, não a conselheira...A Louca, não a ponderada...
A Louca, não a sapiente...

Mas eram eles quem gastavam o dia olhando para fora...para aquelas janelas vazias...
sempre os mesmos assuntos...sempre as mesmas respostas....sempre julgando seus julgamentos errados e irrepreensíveis...

Ela ouvia...sempre ouvia...horas e horas da mesma ladainha...nada falava... nunca queria
Era quando saia, que a verdadeira discução acontecia...na sua cabeça... jorros de sabedoria banhavam seus sonhos... insalubres visões se coloriam...e ela ria...
Nada muito possível,nada difícil de palpar...quem diria...
Então ela sentia...
Tudo que falava boca para fora não condizia, na verdade, com coisa alguma que dizia para si...não era blefe...
Não poderia dizer, de qualquer modo qualquer coisa que vivia cabeça adentro, pois para esse mundo não serviam, para essas cegueiras, eram insípidos...

Guardava seus pensamentos e suas visões,suas cores particulares... para onde era realmente livre...sua Gaia particular...onde mais então, viveria maria? A Maria Louca, senão na louca cabeça de Maria