sábado, 28 de abril de 2012

Noitinha.

   Estranho eu ter visto a tua voz tão perto da minha orelha nua, de cabelos postos de lado. Ouvir a sua barba esfregar-se no meu ombro e costas, desnudos de roupas e de timidez. O cheiro da tua boca, o gosto desse teu olhar azul me encontrando tão serena pela noite.Estão nos teus lençóis, onde a minha alma descançou em paz serena, como quem achou seu lugar. Como a assinatura antiga que deixei na tua cabeceira, tudo parecia me esperar esse tempo todo.
   E eu senti tudo. O mundo que eu conheço, os países por onde nunca estive, os sonhos que ainda não realizei, estava tudo ali, nas nossas pernas enlaçadas tomando café as 4 da manhã de um dia que deveria ter acontecido por tantos dias.
  Desculpa se confundi os sentidos em palavras meia-boca. Você me dissolveu. Eu me moldei na tua mão forte que me segurava a coxa direita, no teu abraço apertado que dizia ver nos meus buracos no chão, lugares bonitos que se nasciam as flores.
  Quando você parou o carro para ver a lua, de repente, como se fosse nossa convidada, eu ri. Não foi deboche, mas essa noite, a lua não era nossa, Eu era a lua, e ela não tinha norte.
    Eu tive sorte.Acordei manhãzinha, voltando para a casa que não era mais minha, em meus medos voadores interplanetários,como você me dizia. E eu senti o toque que teu cheiro cometeu na minha pele.Tipo crime, porque o autor do delito não estava presente, e eu não quis que ele me visse ir só porque eu prometi que voltaria.E voltaria.Na verdade, eu ainda estava lá.
   Eu era você e mais ninguém.E me abracei sozinha, tentando reviver o teu carinho. Para prolongar o que durou muito mais do que uma noitinha.

Cometo.

Cometo dores de amores que invento.
Cometo dores de amores que nem tento.
Cometo vontades
Cometo intensidades
Cometo palavras sutis
Cometo saudades vis
Cometo.
E eu prometo,
Cometo-me.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Eu admito

Eu admito que levei meus textos e os seus comigo. Eu admito que eu vi poesia em tudo que você fazia.
Eu admito que a culpa não foi nem de longe tua, por tanto amor que eu te dei.
Eu te levei no colo pra te proteger dos medos que outros criaram em você,e que você, naturalmente me deu sem que eu pedisse...você ama mais o amor do que qualquer pessoa.
E agora, eu me acho bobo, olhando pra nós dois como quem diz que foi em vão, só porque eu amei demais e você,não.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Amar-te-ei até que seja inverno

 Não pense em escrever nossa história, que não cabe em prosa, menos ainda em verso.Nasceu descompromissada no sorriso que eu te dei, e assim irá embora, dançando em lágrimas quando for a hora.
Não. Não estou datando um fim para nossos carinhos de preguiça infantil.Mas eles hão de crescer em meio as ventos.E de certo,não serão primavera por tanto tempo.
Então eu escolherei sorrir, por que é disso que é feita a minha essência. E você irá fazer as malas de mim, e nossos momentos serão findos antes que esfriem.E hão de virar memória no meu porta-fotos mental.
  E eu te digo sem arrependimentos,
que enquanto em você tudo é sol e brilha, em mim há de chover de manhãzinha E eu vou embora abraçada aos próprios braços. Nesse abraço que que nunca congela, e que se chama amor próprio.

sábado, 21 de abril de 2012

conta




que o cordão de contas
enfacelou e eu não dei conta.
Que o que a tristeza amargou 
eu adocei por minha conta.
e você, que contas?

quinta-feira, 19 de abril de 2012

vou procurar uma escola de circo!

cansei de ser palhaça,
quero ser equilibrista.
dessa vida de artista,
os amores e a cachaça.

vou fazer malabarismo,
catar troco no sinal,
pintar a solidão imoral,
fazer ode ao cepticismo.

fadada ao final trágico,
três amores me deixaram,
as esperanças já findaram,
vou-me embora com o mágico!


(com Felipe Sams, o amigo que me ajudou a criar esse texto)

quarta-feira, 18 de abril de 2012

dizer-te

vontade de te dizer poucas e boa,
dessas que sei  não ter o direito,
mas que a vontade não cessa,
nem cede a minha razão.

não vou te visitar hoje a noite,
pode perguntar onde estou.
estou sentada no teu portão,
te vendo passar por onde já se foi.

só não pergunte se eu estou bem,
não caia na besteira de perguntar se eu estou bem!
vontade de te dizer coisas perturbadoras hoje,
mas eu deixo meu silêncio te ferir sozinho.

imagens de um amor inventado

  Ana veio me dizer que amou um homem a vida inteira,
disse que ele era dela, mesmo que ele não queira.
-eu o tomei de assalto, ele deu bobeira.
 -Ana pare de asneira!

 Amor que se ama só, é carência,
vá não perca a paciência,
olhe que eu entendo da ciência,
o que te falta é prudência.


Eu  vi Ana chorando aquele dia.
 -Eu o quis  mais que devia,
  eu o amava, ele me  fodia,
   mas era ele quem eu queria.

 Ana beba mais um tiquinho,
amor é feito moinho.
vai e dá mais um pouquinho,
e saia a noite de fininho.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Libido


minha maior falta de juizo,
que corre do rosto,
que para no umbigo.
que desce com gosto.

é gozo, é choro,
é tudo indefinido,
eu procuro,eu corro,
e me acabo corrompido.

minha insensata líbido,
sou incapaz de me opor.
minha maior falta de juízo,
metade sexo, metade amor.

pois bem.

De que adianta esperar?
você não vem.
De companhia, o mar;
De resto? Ninguém.

Acho que se está a me faltar,
Ora, deve ter sido por bem.
Deixo o acaso a me cuidar,
E penso que pensas em mim também.

E dessas minhas seguranças turvas,
Dizem alguns aí pelas ruas,
Deus escreve por linhas tão curvas,
Que eu pensei fossem curvas tuas.


(arpoador,num passado que não me lembro)