terça-feira, 25 de outubro de 2011

sem notícias

passaram-se anos,
talvez décadas,
eu fiquei perdida num tempo efêmero
e sem sentido algum

estranhamente eu sempre lembro,
agora eu sempre lembro nosso dia.
e fico olhando da varanda,
que já não é mais a mesma,
esperando seu rosto,
que não deve ser mais o mesmo,

olhar de baixo e tocar o interfone
que não existe mais.

eu fico imaginando do meu quarto branco,
de paredes brancas e sem quadros,
vazio, da minha nova morada.

pela fresta pequena da porta eu recebo o que me dão,
é só o essencial pra sobreviver,
água, comida e um cigarro,
por bom comportamento que eles me cedem, caridosamente
que abreviam meus dias e povoam meus pensamentos.

desse manicômio que eu inventei,
imagino o que você está fazendo,
lembro dos seus olhos,claramente,
aqueles olhos bobos que eu tanto te falei.

eu pintei na parede, com tinta guache,
eles apagaram,não acharam normal.
e eu chorei como quem perde alguém,
por alguém que não via mais.

e desse manicômio que eu inventei
só sua falta é real.
e o vazio que ficou, da minha vida sem você.
eu espero tocar o interfone imaginário,
descer as escadas saltitando de alegria em te ver.

e o quarto vazio e sem quadros,
eu só guardei uma lembrança do que é real
seus olhos bobos, nesse mundo branco sem você.

(possíveis finais)

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