terça-feira, 26 de junho de 2012

Medo da Felicidade.



   É num simples momento de desapegar do teu colo, de não sentir teu cheiro, que ele surge.
   No espaço incomum entre o nosso presente consumado e o futuro que eu idealizo, ele arranja espaço, porque eu não sei viver sem ele.

   E eu, imaginativa que só, não sei separar sonhos, expectativas e devaneios. E eu tenho medo de imaginar sem maiores deliberações. Minha cabeça não conhece limites reais. Então, tudo parece construído por mim, minha loucura. E nessa loucura, o escuro surge,o medo surge. Medo de que eu esteja então, finalmente, louca.
   E diagnosticada.
   Imaginando coisas sem fundamento algum.
   Eu tenho medo do desconhecido,medo do que eu não posso controlar, e o pior...
   Medo de que seja impossível ser feliz...

   A felicidade é um bicho-papão de criança adulta.É sorridente, tem charme de hollywood, e chega em você com uma obrigação de Julia Roberts. De vida de filme mamão com açúcar.
   Imagina só, acordar de manhã, com a sua camisa, com um abraço sorrateiro pelas costas e um beijo no pescoço. Imagina se eu mereço a alegria que me dá sua barba deixando minha nuca vermelha.
   Logo eu, tão louca e triste. Tão cheia de defeitos. E muito mais parecida com a realidade Tim Burton.

   Então,em qualquer outra época, eu fugiria. Em um milhão de ocasiões eu fugiria. Para que eu não fosse feliz e que depois, tudo acabasse.Para que o maravilhoso e confortável mundo das possibilidades mantivesse viva a minha imagem romântica de ser sua mulher. Simples, boba e feliz. Fazendo teu café, levando nossos filhos à escola, perguntando como foi teu dia no trabalho, enquanto recolhia teus sapatos que você insiste em deixar no caminho.
   Eu manteria isso vivo na minha cabeça a qualquer custo, mesmo que fosse o preço de matar a realidade. Coisa de doido. Ou de escritor, se você preferir uma imagem romântica da coisa. Outro devaneio, afinal, nem escrever livros eu escrevo.

   Eu fugiria e continuaria viva. Triste, mas viva e esperançosa. Mas você me prendeu. Eu não sei como você me prendeu e me fez querer tentar e tentar mesmo que doa. E eu nem penso em fugir, eu só vou te sentndo todos os dias, e agradecendo pelo que tenho. E pensando no que posso não ter e me fazer doer. E as vezes dói, só de pensar.

   E então os medos aparecem de novo, e eu me recolho, olho pro nada, fico distante, penso em recobrar a minha sanidade. Se é que já a tive.
  Mas é só o tempo que leva para que você me abrace de novo, e que mais uma vez seu beijo, seu cheiro, seu sorriso, me levem, do futuro assustador, para um presente confortante. E que a eternidade passe a ser um momento. Aquele momento. E que os sonhos mais loucos, sejam planos. E que a felicidade, com seu nome e sobrenome, não seja mais uma escolha. Seja realidade.

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