quinta-feira, 6 de junho de 2013

Divagações

   NÃO SOU ARTISTA/ESCRITORA/DESENHISTA/COMPOSITORA, NEM NADA DO TIPO. SOU SENTIMENTAL. Menos nobre, eu sei, mas realista.
   A verdade é que se algo saiu bonito-artístico-modernista-sessentinha, foi porque me causou dor latente ou alegria demasiadamente entusiasmada e não me coube.Não é bonito, mas é realista.

  Foi expurgado, ou se expurgou,como uma espinha que não espera ser espremida pelas minhas mãos sujas, e espirra, sem ser convidada, no coitado mais próximo, ou no meu próprio reflexo no espelho embaçado do banheiro.Não é bonito, mas é realista.

 E assim seguem as minhas fraturas expostas, meus acertos pontuais e meus equívocos literários/gráficos/musicais. Mostrando o que eu queria ou precisava que fosse visto. Maculando e sendo maculado. Não é bonito, é realista.

Não é bonito, é realista.

     Essa é a minha máxima do momento. O meu rebento atravessado que eu tento parir por quase uma vida inteira e que me rasga as vísceras.
Tenho matado meus duendes e fadas, meus cavalos alados, meus pôneis cor-de rosa.Tenho matado meu julgamento soberbo de achar que o que eu via, era visto porque eu era diferente,especial. Não é bonito, mas é realista.

  Penso que passo por uma adolescência tardia,e constato aos poucos a feiura que me cabe e cabe ao mundo.Sem contos da DISNEY, sem enredos de Blockbusters românticos. SEM ARTE.

  DÓI, e nesse ínterim, construí uma patologia, para me proteger. DURMO .
 Durmo mais que acordo. SONHO mais que VEJO.
 E se eu sei que quando acordar tudo aquilo vai embora e o mantenho, preso aos meus braços, ainda assim, é patologia, e das graves. É ninar um feto morto.

  Por vezes me senti um peixe fora d'água, mas dizem por aí que se Deus existe, não erra. E se cá estou, fui eu quem não me adaptei.
  Vai ver reneguei o papel de "ÁRVORE" na sua obra importantíssima, e tentei ser o anti-herói.
Vai ver tantos outros, pensam por aí, do alto de sua soberba, serem especiais também, e nem isso me torna única.E o sentimento que tanto me corrói é senão patético,corriqueiro. Não é bonito, mas é realista.

  Mas no final, eu pergunto, aqui pro meu conselheiro imaginário, já que esse também é um diálogo que tenho enquanto imaginação e por isso só,QUEM ME CONDENARIA?

  Que culpa tenho, se na minha cabeça tudo fica MAIS BONITO, MAIS JEITOSO, MAIS DALÍ?

Como me ergo, me dispo do meu ROMANTISMO tão nato, do meu SURREALISMO tão imaginativo,  e aceito viver nesse mar de REALISMO, CINZA COR-DE-CIMENTO?

Gustave Courbet,Pintor Realista em seu Auto-retrato


Um comentário:

  1. Porra! Nunca me identifiquei tanto com um texto teu.
    Palmas... de pé.
    De tão realista, ficou lindo.

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