segunda-feira, 19 de março de 2012

Agridoce

  Não sou comida de encher o pote,
mas de lamber os dedos, um sim, outro não.
  Tenho a estranha mania de surpreender quem espera,
mas isso não chega a ser um elogio,
supondo que a decepção também é uma surpresa.
 Nas receitas de minha mãe, sou um bolo que inflou e inflou de esperanças... e solou.
 Quando estou pimenta, mesmo bem vermelha de raiva,
têm vezes, desço doce.
 Eu sei,
 Eu sou só uma mulher.
 E nessa gama toda de sabores,
eu sou a mais acre das meninas bobas,
e a mais doce das vinganças sutis.

 Me surpreendo por ter amigos que ainda se apeteçam de mim,
 mesmo os que aprenderam que sou de se chegar pelas beiradas.
 E que me acompanham com a expectativa de não exagerarem na porção
que arrancam de mim.

 Sim, sou temperamental!
 E sempre erro a mão no tempero.
 E também tem dias que eu sou sem sal.
E nem palavras doces me temperam,
nem o descontentamento me deixa salgada

 Mas o pior disso todo, desse dissabor, desse agouro,
 é nunca saber qual o gosto da próxima colherada que vou ter que enfiar goela abaixo,
e que sei, de ante mão, não será fácil de digerir.

2 comentários:

  1. Fui excluido do seu facebook e do do caio o_o
    fiz algo errado?

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  2. Você não fez nada de errado. Eu acho... rs.
    Apenas desativamos o facebook.
    Fica tranquilo, maninho. =P

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