quarta-feira, 14 de março de 2012

Menina do sorriso muito

   Eu vou falar a verdade, eu minto...sou mulher, tenho minhas licenças poéticas.
   Você não entende nada, é poeta, mas eu mulher, sou a poesia...a sua e a minha.
  Eu finjo muito bem estar sozinha quando estou amando alguém,finjo que amo faltas de amor também, finjo que o salto não está doendo e que não estou desconfortável com aquela piada ridícula daquele seu amigo bêbado.
  Eu finjo que estou afim, finjo que não estou e faço doce... mas o que eu quero mesmo é que você perceba a minha verdade, e cuide dela como sua, porque eu não sei cuidar dela não.
  Eu sou mulher, mas sou fálica, eu me lanço no vento, na paisagem, no tempo, nos braços de um abraço vazio,num homem que não me dá valor, num não que devia ser sim, numa cordialidade forçada, num emprego difícil, num filho mal educado....
 Eu sorrio muito, mesmo quando estou triste, e os vizinhos dizem que sou simpática,e os amigos? que sou alto-astral... Quando eu me dou licença de não sorrir para você escoltar minhas lágrimas até teu peito, você me chama de sem graça,ou culpa os hormônios.
  Eu sou mulher e eu danço.Toda mulher dança, e eu danço descompromissadamente,e comigo mesma, e eu danço bem minha valsa solitária, meu samba de humores, de empregos, de tempos, de tudo.
  Eu sou uma mulher do novo século, que guarda sonhos de donzela, que dorme bem sozinha,nua de si mesma, eu sou mulher que honra a própria companhia,mas que deseja secretamente ter alguém.
 Eu danço muito bem, agarradinha e só,mas queria que você me acompanhasse hoje.

Um comentário:

  1. Me lembrou os contos da Clarice Lispector...que diga-se de passagem, amo de paixão!!

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